Teimo a encarar com naturalidade os passos apressados em uma rua escura, fugindo da própria sombra cada vez mais.
Procuro olhar diretamente para os semblantes raivosos por trás de volantes no final da tarde.
Não consigo entender a voz grave ao lado do filho enquanto a TV grita ao fundo com uma passeata pedindo paz.
Surpreende-me o tom inseguro que usamos para nos defender. E me assusta o excesso de segurança que temos ao atacar alguém.
Não quero entender o grito abafado no travesseiro, o “sim” dito por medo ou o “não” por comodidade.
Prefiro a dúvida, sempre. A certeza fecha caminhos desconhecidos. E o desconhecido não deveria ser encarado pelas nossas bocas raivosas cheias de certeza de nada, andando apressadas pelas ruas e evitando olhares desagradáveis.
O desconhecido deveria ser apreciado com o olhar da curiosidade e da inovação.
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