quarta-feira, 25 de junho de 2008

FILO

Todos os anos, há quarenta anos, Londrina é invadida por personagens, anjos disfarçados pronunciando línguas que os mortais daqui pouco conhecem. E eles trazem risos, choro e vela. Trazem panos coloridos, olhares de espanto, palmas de satisfação.
Esse ano, no entanto, trouxeram algo mais. Trouxeram filas, rostos cansados, bocas indignadas, desorganização.
Mas é claro que tudo se esquece no país dos perdões, e os culpados estão intactos saboreando as glórias de mais uma bilheteria cheia, e nós? Bom, nossas bocas raivosas tornaram-se bocas sorridentes e perpetuadoras do bem logo após nossos encontros (marcados e numerados) com os anjos da dramaturgia, e, enfim, após tanta espera sentimo-nos abençoados.
E àqueles que nos perguntaram, sem entender, pois não conhecem o que é a benção póstuma, nos indagaram, indignados, o porquê da espera tão longa, das dores nas costas, do feriado perdido, para essas pessoas, sinto muito, não nos restou nada além do trocadilho:
FILO porque qui-lo!