quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Direitos e deveres do consumidor

Até onde vai o direito do consumidor? Se comprarmos um objeto em determinada loja e esse objeto precisa ser trocado, até onde é dever da loja intervir e auxiliar o consumidor nessa troca? Qual o limite determinado para essa camaradagem? É difícil saber. Se o objeto que adquirimos for uma cópia de um documento, por exemplo, certamente a papelaria irá trocar a cópia, ainda que o defeito tenha sido causado pela máquina copiadora. O valor do produto é pequeno e não convém explicar para o consumidor que o problema foi causado pela máquina marca tal e que a cópia deveria ser paga pela fábrica da máquina. Algo nesse sentido soaria ridículo e absurdo. Troca-se a cópia e fica a cargo do dono da papelaria entrar em contato com o fabricante da máquina tal para que seus problemas sejam resolvidos e ele seja ressarcido de qualquer prejuízo, por menor que tenha sido.

Mas, e se o produto é mais caro? E se um carro tem um problema e ele ainda está na garantia, como será que se comporta a empresa que vendeu o carro? Será que ela faz tudo o que for necessário para que seu cliente não tenha problemas desnecessários com o reparo de seu veículo? Ou será que ela assiste de camarote seu cliente aflito tatear uma saída justa dessa situação constrangedora?

Alguns dias atrás descobri a resposta. A revenda assiste de camarote e comendo pipoca. O consumidor deve entrar em contato direto com a montadora para ter seu carro guinchado onde quer que tenha quebrado. A montadora não envia nenhum automóvel para resgatar o cliente, que deve, por conta própria, chamar um taxi e pagá-lo para poder chegar em casa com segurança. Afinal, a montadora é responsável pelo carro. O cliente é apenas um número de cartão de crédito, de telefone ou de contrato de compra... vai saber o que se passa na cabeça de uma montadora, não é? Na cabeça do cliente, eu sei muito bem o que se passa em um momento assim:

_ !@$&**@! Comprei um carro novo, não tem nem um ano, e essa @#$!!% já deu problema...e além disso tô aqui com cara de tonto, sem carro, esperando um taxi, que eu vou pagar, vir me buscar...Pelo menos o carro está na garantia...ufa!

Pobre cliente, mal sabe ele que a garantia não cobre o “mau uso” de um veículo e que de agora em diante não há muito que ele possa fazer. Carro extra? Não. Garantia? Não. Responsabilidade por parte da revenda? Imagina... aqui nós só vendemos o carro...na nossa opinião o senhor está certíssimo, não há como ser mau uso..o carro é novo, mas a montadora disse que é, então....deve ser!

Resultado, duas semanas sem carro, um cliente ligando todos os dias para a revenda para conseguir notícias do processo (a revenda disse que ia ligar, mas sabe como é, né? Natal... Ano Novo...) e uma conta de R$800,00. Será que a peça nova que vão colocar no carro tem garantia de verdade ou vai ser sempre assim?

Engraçado, esse mesmo consumidor já dirigiu vários outros carros durante sua vida, nenhum teve esse problema de “mau uso”... será que ele ficou mais relaxado com esse carro novo? O mais engraçado é que em diversos blogs de reclamação na internet encontramos pessoas que tiveram o mesmo “mau uso”... Êta país de gente barbeira e ótimas montadoras, que jamais erram e nunca fabricam peças ruins e com defeito, sem contarmos as revendas boas e honestas que se preocupam com seus clientes e correm atrás dos direitos deles... é uma maravilha...a gente pode até viajar sossegado nesse final de ano....ops...esqueci...tô sem carro!

OBS: Optei em não dizer de qual montadora alemã se trata, pois isso pode acontecer com qualquer uma delas. Tudo bem que com os outros carros que tive de outras montadoras isso nunca aconteceu, mas, com certeza eu tomava mais cuidado naquela época. Também não acredito que deva nomear a revenda, afinal deve ter mais de uma Norpave por aí e não quero incriminar a revenda errada. Só aqui em Londrina, na Avenida Tiradentes, têm duas. No mais, fico por aqui!

Das Auto!

domingo, 5 de dezembro de 2010

Ela

Foi tudo muito confuso e muito corrido. O que para nós pareceu durar horas, não chegou a 30 minutos de medo e angústia. Eu ouvia os pedidos de ajuda emaranhados aos gritos de dor. Ela gritava meu nome esperando que eu soubesse exatamente o que fazer. Pedia-me insistentemente que o salvasse, e eu não podia fazer nada além do que já estávamos fazendo.


Naquele dia, passamos do riso gostoso e molhado do dia de verão ao choro incontrolável. Entrei em choque. Hoje consigo contar o que aconteceu, mas cada um de nós acabou capturando um detalhe particular... passamos pela mesma dor, mas cada um de uma maneira diferente e, no final do dia, temos mais de uma versão dessa mesma história.

Para mim, eu não fiz nada. Fiquei calma, eu me lembro, tentei ajudar da melhor maneira possível, mas não me recordo da minha calma ter sido útil... eu não sei ao certo o que fiz de bom e de ruim nessa grande confusão.

Ela, e disso tenho certeza, se atirou ao chão e dentro de seu desespero salvou uma vida. Ela não sabia o que fazer, estava tão assustada quanto o restante de nós, mas não pensou...agiu. E, nesse momento, eu a admirei.

Aquela pessoa sempre frágil e de fala mansa, que passou anos ocupando-se dos problemas alheios, ela foi forte. Ontem, conversando à toa, disse que agiu por impulso e por amor. Durante essa semana, ouvi de tudo. Teorias absurdas sobre o que aconteceu, gente tentando entender o que não viu, e nós, cada um com sua versão dos fatos, tentamos explicar para os outros tudo o que vimos, mas que não entendemos.

Ao final de tudo, as confusões são muitas. Dentro dos ônibus as histórias rolam soltas. Entre os familiares as versões se multiplicam, hoje já nem sei quantas são. Mas a verdade é que ele está bem. Ela está cansada. Ele está confuso. E eu ...descobri que no dia em que mais sofremos, eu a admirei um pouco mais.