
A mensagem dessa vez trazia a frase que Pedro Bial solta, noite após noite, Big Brother após Big Brother, para introduzir-nos ao mundo da “casa de vidro”: “Vamos espiar nossos heróis!”, e logo em seguida vinha a indagação maior do escritor da mensagem eletrônica: “Nossos heróis? O que fizeram de tão interessante para ganharem esse título?”.
Não me contive em pensar no que caracteriza um herói, seria uma roupa engraçada, uma capa, a habilidade de salvar o mundo ou o amor infindo em seu coração? Há tempos atrás heróis, bem vistos e admirados pela população, eram os intelectuais, imersos em seus livros e, em outras épocas, dispersos em discussões emblemáticas nas mesas dos bares, cheios de teorias filosóficas sociais e descobertas cientificas.
Com suas equações matemáticas fizeram o homem voar, se comunicar por meio de ondas invisíveis, fez-se a luz, criaram novas religiões, ideologias de tamanho peso sócio-cultural que são seguidas e respeitadas até os dias atuais.
Os heróis/intelectuais eram os rebeldes de seus respectivos períodos, no entanto, a despeito dessa rebeldia, refletiam um ideal coletivo, foram à frente de seu tempo por enxergarem necessidades já existentes, mas que os olhos “destreinados” da maior parte da população não conseguiam perceber.
Hoje, para nós meros mortais, ligar nossa telinha de “realidade virtual” em uma discussão política ou um documentário a respeito das mudanças sociais soa ridículo, sem propósito, verdadeira perda de tempo ficar prostrado em frente a TV para assistir discussões as quais “não pertencemos”, muito mais proveitoso nos embrenharmos pelo quintal das casas dos “reality shows”.
E talvez Bial esteja certo, parcialmente certo, calma, abaixem as armas que eu explico. Talvez ele esteja certo em chamar os confinados na “casa de vidro” de nossos heróis pelo simples de fato de que chama-los assim não os tornam heróis de verdade e, nunca na história do mundo um herói verdadeiro, nos moldes antigos, foi assim denominado em vida, ao menos não pela população em geral. Os heróis/intelectuais tanto não foram reconhecidos que na inquisição muitos foram queimados a mando do próprio povo.
Dessa forma, notamos como a história se repete, e Bial é um fruto dela, um representante do povo, e não dos intelectuais, por isso ele promove, junto ao restante da população, a ascensão de heróis de papel, enquanto nós, inquisidores, queimamos diariamente heróis/intelectuais cada vez que mudamos de canal e escolhemos o “reality show” ao invés da discussão política, da entrevista com um literato, do filme realmente bom, mas sem o selo de Hollywood.
Afinal, como já mencionei, a história é cíclica, e seria assim independente das afirmações inúteis do Pedro Bial.
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